Pixel Bob Painting

Heidelbergensis David Rosado começa tudo isto por uma «urgência em difamar a pintura». Aflora este problema com pertinência, aqui estão representados os nossos mitos urbanos, os heróis do espetáculo e todos os alternes de luxo da civilizada Europa. O que é preciso é denunciar que estas formas têm uma vida própria, autónoma na individualidade do próprio quadro, sendo este um novo patamar para explicar os desastres principais da nossa civilização, em apodrecimento, feita de pedaços, de enormes burlas sobre o corpo e sobre o espírito. Para isso o artista finge a colagem de objetos insufláveis e cenas quotidianas, como que num transplante do muro publicitário para a tela. O uso da pintura no vidro acrílico faz com que as peças bidimensionais passem a ter uma outra leitura, e sejam identificadas como objetos que anunciam narrativas entre o falso vitral e a pintura no interior da moldura, levando a perguntar o porquê da situação e da sua promiscuidade cínica ou sarcástica, As imagens que mistura têm uma forte componente do modo de fazer, a tinta que sobra, os fundos lisos que completam e acentuam o caracter inocente de algumas das personagens, neste processo de influências e meio circundante a narrativa pode ser implicada através de referências simples como: comida, gostos, logotipos, imogis, smiles, Ícones, e aplicada na linguagem de forma direta sem que nos apercebamos da sua contaminação, representada através da perturbação da linguagem aprendida no ensino normal de crescimento académico e transformada numa manifestação escrita muito própria utilizada na construção de uma linguagem única e universal que se apoia na maior utilização em escrita móvel ou calão urbano, sendo estes semelhantes aos apontamentos evolutivos no desempenho social e de caracter territorial das massas urbanas comparando toda uma serie de evidências que nos colocam na trajetória dos tempos mais primitivos até aos dias de hoje, surgindo assim o título Heidelbergensis (Homo heidelbergensis é um hominídeo extinto que surgiu há mais de 500 000 anos e perdurou, pelo menos, até cerca de 250 000 anos (Pleistoceno medio). Recebeu este nome pelo fato dos primeiros fósseis descobertos terem sido encontrados próximo da cidade Heidelberg, na Alemanha.) Esses apontamentos gráfico-evolutivos terão efeitos de continuidade no desenvolvimento das grandes urbes podendo assinalar marcações territoriais de variadíssimas fontes e influências, tal como eram antigamente os desenhos de caça nas grutas e a construção de objetos. Estas implicações da pressão social e da rápida assimilação de elementos originam a necessidade de nos mostrarmos multi-tasking (multifunção), que faz com que tudo seja rápido e de fácil uso, um aumento das manifestações Urbano / Gráficas e de expressão podem estar por detrás destas rápidas mudanças à qual a confusão das regras sociais pode por vezes ser confundida dando origem a uma transformação das ações em nosso redor. Tubarões que voam, insufláveis sem fundo, caveiras que sorriem, burros de plástico que suportam toda uma serie de elementos que se mostram como exemplo social e fazem desta aventura algo a considerar neste universo onde a utilização de objetos do quotidiano, são inseridos numa alfabetização peculiar criando assim pequenas narrativas que podemos fazer consoante o nosso critério. Sendo claramente uma obra lúdica, para o nosso olhar, e para a ginástica de ordem intelectual a que os trânsitos visuais e os respetivos reconhecimentos nos obrigam, leva-nos também a um outro lado de pesquisa, e avaliação dos dados da representação dos cidadãos a par da configuração dos bonecos animados ou gestos parietais; e, por outro lado o deslizamento da imagem em termos de referência histórica, limite no tempo, século XX em salpicos de verdade, insinuação e mentira: a mentira que nos dá a ver o real e por isso o torna efetivamente visível. Texto por José Gonçalves