Deep Blue Print

No meio onde nasci e cresci, uma camara fotográfica era um objecto raro. Numa família bastante numerosa só um familiar tinha uma máquina que às vezes emprestava à restante família. Quando fui cumprir o serviço militar de 1965 a 1968, uma colecta familiar rendeu 1500 escudos (hoje 7,5€). Fui à Fotocolor na Rua do Ouro, depois de falar com o meu amigo Crespo que lá trabalhava, e me conseguiu arranjar um preço simpático, segundo o dono da loja que me pediu para não comentar. Depois de pagar, disse-me: “agora é começar a fotografar”. Retorqui: “quando tiver dinheiro para rolos!”. O Sr., sendo comerciante sentiu as minhas limitações dando-me dois rolos Ilford, “assim já pode começar!”. Guardo esta atitude de uma forma grata. Obrigado! Com as limitações económicas, fui fazendo algumas fotos mas não de forma contínua. O dinheiro era para coisas mais básicas e elementares. No princípio dos anos 70 do século passado, roubaram-me a minha querida Zeiss. Foi um desgosto que me levou a deixar a fotografia. Nos anos 80, um colega de trabalho vendeu-me uma Minolta SRT 100, se a memória não me atraiçoa! Um dia entrando na Filmarte na Rua Augusta, em cima do balcão estavam uns folhetos que diziam, “APAF (Associação Portuguesa de Arte Fotográfica) cursos de iniciação à fotografia”. Fui à dita APAF, inscrevi-me no curso e como sócio, por lá fiquei alguns anos. A minha vida profissional de fresador mecânico limitava-me em tempo e economicamente. A partir de 1997 já mais desafogado economicamente e depois de milhentas peripécias, comecei a fotografar com regularidade e também a viajar. Passando a fotografia a ser o acto isolado de estar comigo, procurando o clique de ligação ao Mundo. O resto, sendo a nossa vida o somatório de muitas vidas, irei contando no meu site e blog, o meu presente, não esquecendo o passado mas aberto ao futuro. Atingi um ponto de equilíbrio na minha vida com os meus 76 anos. A Vida não me deve nada, também não me sinto em divida com ela... Mas continuo a sonhar! “O SONHO COMANDA A VIDA”