"São Paulo centro - Rabo de Onça". Drawing

Quem não tem raiz tomba. Mentira! O que antecede a “Viaduto Mariposa” e depois de concluída a fala sobre os resíduos. Tendo como parâmetro a nossa maior metrópole, sou da periferia do Brasil e da periferia da minha cidade, João Pessoa, na Paraíba. Morei em São Paulo, Rio de Janeiro, em outros Estados e fora do Brasil, já não sei o que, em mim, tenho da Região Nordeste; entretanto, quando estou lá, me vejo em outros indivíduos e, em poucos dias, já estou impregnado das particularidades do lugar, dos costumes e com a maneira de falar das pessoas. E quando vou à feira e à praia, lugares de aglomeração e despojamento, é perceptível o “Estado Precário”, que continua inalterável e não é uma exclusividade local e, sim, proporcional. Fora da minha geografia sou um homem misturado. É possível, Gilberto Freire? Não me restam dúvidas em relação à “matéria” atribuída a esse contexto, que me espelham na minha atividade primordial, que se mostra visível em sua aparência, na sua “pele”, independente do meio utilizado e não há nada nelas que indiquem um pertencimento específico; um lugar que as “legitimem”. Isto é necessário, Mario Pedrosa? Não posso desconsiderar as influências e aprendizado que tive com outros artistas e as originadas pelos meus deslocamentos, mais as informações que me chegam constantemente. Morar em uma metrópole é também ser partícipe do fluxo de pessoas de distintos lugares forçadas, pelas mais variadas circunstâncias, a migrarem/imigrarem, acarretando um leva e traz de seus vestígios culturais e “Algo em nós muda todos os dias”. Sou sim, misturado. Alguns amigos artistas falam que sou um artista que investiga as questões “Arte e Vida”. Em parte, concordo, já que há rastros nos meus trabalhos que indicam essa referência; o efêmero, o permanente e o estado de precariedade são matérias presentes na minha poética, e não sou autobiográfico só porque me fotografo. Apreender a vida com o objetivo de fazer arte a partir dela leva tempo, requer observação e imaginação, essa ferramenta poderosa e fundamental para atingirmos o imaterial. A cidade é passada pelo rio como uma rua É passada por um cachorro, uma fruta, por uma espada. “O Cão Sem Plumas”. João Cabral de Melo Neto. Em meu “Estofo Mental”, em que tudo cabe e soma, se transmuta e me favorece a ser um explorador, a beber água de distintos rios e misturá-las em mim. A floresta, nesse sentido, é um bom comparativo; um exemplo prático para clarificar esse conceito de interação e convivência díspares em um mesmo ambiente. São essas as fontes para as minhas narrativas/metáforas sobrepô-las, atravessá-las. É um exercício constante e é desse cruzamento inconciliável de “matérias”, gerador de atrito, que imagino os trabalhos, sem eximir a força contida em alguns materiais.

Drawing:Fabric on Soft (Yarn, Cotton, Fabric)

Original:One-of-a-kind Artwork

Size:60.2 W x 78.7 H x 2 D in

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